Quem foi Lydia de Queiroz Sambaquy?

Lydia de Queiroz Sambaquy nasceu em Belém (PA) no ano de 1913, descendente de uma linhagem proeminente dos Queiroz Lima, cuja importância na sociedade brasileira é ilustrada por figuras notáveis como Eusébio de Queiroz Lima e Rachel de Queiroz.

Seu envolvimento com a área de biblioteconomia e documentação foi incentivado por sua irmã Sylvia de Queiroz Grillo, que, em 1938, ocupava o cargo de diretora da biblioteca do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). Lydia iniciou seu percurso como assistente técnica e técnica administrativa na instituição, onde gradualmente se despertou para a importância da área, levando-a a iniciar um curso de biblioteconomia, então oferecido pela Biblioteca Nacional. Após a saída de sua irmã, Lydia assumiu a direção da biblioteca do DASP.

Durante sua gestão, Lydia reconheceu a necessidade de qualificar os profissionais bibliotecários e, como resposta, implementou um curso preparatório direcionado a eles. Inicialmente, o curso abordava três matérias: catalogação e classificação, administração e organização de bibliotecas, além de bibliografia e referência.

Antes de sua gestão, a biblioteca do DASP não contava com um sistema de classificação, utilizando o método de Anderson-Glidden para organizar o acervo. No entanto, devido ao aumento das aquisições e questões relacionadas ao espaço físico, Lydia desenvolveu o Serviço de Intercâmbio de Catalogação (SIC), cujo principal objetivo era estabelecer uma rede colaborativa entre bibliotecas brasileiras para catalogação de livros.

A biblioteca do DASP se tornou um laboratório pioneiro em catalogação cooperativa, tornando-se uma referência para outras bibliotecas do serviço público. Esse conceito inovador, implementado em 1942, teve um impacto significativo na evolução das bibliotecas no país.

Além disso, a biblioteca promoveu o Curso Preparatório para Bibliotecários, estabelecido pelo Decreto nº 6.416, que permitiu a promoção de funcionários públicos para a carreira de bibliotecário. Essa formação, fornecida tanto pela Biblioteca Nacional quanto pela Biblioteca do DASP, contribuiu para a institucionalização da carreira de bibliotecário no Brasil, conforme estabelecido pelo Decreto nº 2.166 de 6 de maio de 1940.

As ações de Lydia em prol da profissão e das atividades de informação tiveram um impacto profundo na comunidade de bibliotecários, culminando na criação do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD).

Jannice e Lydia planejando o IBBD em 1954
Fonte: Arquivo pessoal Jannice Monte-Mor

O IBBD começou a ser moldado nos anos 50, quando Lydia e Jannice Monte-Mor receberam apoio da UNESCO e da FGV para estudar bibliotecas e centros de documentação nos Estados Unidos e Europa. Após retornarem ao Brasil, Lydia liderou diversas iniciativas para promover atividades científicas e tecnológicas no país, planejando a criação do IBBD. Por 11 anos, ela atuou como diretora do IBBD, até ser retirada de seu cargo durante o regime ditatorial estabelecido pelos militares em 1964.

Após deixar a direção do IBBD, Lydia continuou a contribuir para a área, lecionando na Federação das Escolas Isoladas do Estado da Guanabara (FEFIEG), que mais tarde se tornou a UNIRIO. Ela permaneceu comprometida em fortalecer a biblioteconomia e a documentação, sempre antevendo inovações e vislumbrando o futuro.

O IBBD desempenhou um papel essencial na difusão e no crescimento da biblioteconomia e da documentação no Brasil.

Lydia de Queiroz Sambaquy foi uma mulher à frente de seu tempo, cuja significativa contribuição para o desenvolvimento e disseminação da biblioteconomia e da documentação no Brasil permanece viva até os dias atuais, mesmo após seu falecimento em 13 de janeiro de 2006, no Rio de Janeiro.