Histórico

A Biblioteca do Ibict

A Biblioteca do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) teve sua origem no ano de 1954, coincidindo com a promulgação do Decreto Presidencial n° 35.124, em 27 de fevereiro, que deu origem ao Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), hoje conhecido como Ibict, conforme estabelecido pela Resolução Executiva do CNPq, nº 20/76, datada de 25 de março de 1976.

Em sua fase inicial, a Biblioteca mantinha um acervo diversificado, incluindo guias de instituições científicas, dicionários especializados, uma coleção sobre energia nuclear, publicações da antiga Biblioteca do então CNPq (anteriormente denominado Conselho Nacional de Pesquisas), além de materiais relacionados à Biblioteconomia e Documentação. Nesse período, desempenhava funções cruciais nas áreas de aquisição, registro, catalogação e classificação de publicações, ao mesmo tempo em que fornecia valiosos levantamentos bibliográficos para pesquisadores.

Na década de 1980, a Biblioteca do Ibict desempenhou um papel pioneiro no acesso à informação científica e tecnológica no Brasil, adquirindo bases de dados em CD-ROM e disponibilizando informações valiosas em uma época em que a Internet ainda não havia chegado ao país. Assim, contribuiu para apoiar as pesquisas da comunidade científica, fornecendo levantamentos bibliográficos nas bases de dados.

No início da década de 1990, a Biblioteca abrigou o laboratório de implantação da Internet no Brasil e colaborou com a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) para treinar os usuários nos serviços pioneiros da Internet, como correio eletrônico e acesso online a bases de dados.

Nos anos 2000, a Biblioteca do Ibict passou a concentrar sua atuação como uma biblioteca especializada em Ciência da Informação, com ênfase em Biblioteconomia e áreas afins, tornando-se uma base fundamental para a disseminação e acesso à informação para pesquisadores no campo da Ciência da Informação.

Atualmente, as atividades da Biblioteca estão sob a supervisão da Coordenação de Serviços Bibliográficos (COBIB) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict). Após um período de fechamento devido à pandemia de COVID-19, a Biblioteca do Ibict realizou uma reestruturação interna de seus produtos e serviços por meio do Projeto Pinakes, visando aprimorar sua infraestrutura para atender melhor aos seus usuários após a reabertura.

Quem foi Lydia de Queiroz Sambaquy?

Lydia de Queiroz Sambaquy nasceu em Belém (PA) no ano de 1913, descendente de uma linhagem proeminente dos Queiroz Lima, cuja importância na sociedade brasileira é ilustrada por figuras notáveis como Eusébio de Queiroz Lima e Rachel de Queiroz. 

Seu envolvimento com a área de biblioteconomia e documentação foi incentivado por sua irmã Sylvia de Queiroz Grillo, que, em 1938, ocupava o cargo de diretora da biblioteca do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). Lydia iniciou seu percurso como assistente técnica e técnica administrativa na instituição, onde gradualmente se despertou para a importância da área, levando-a a iniciar um curso de biblioteconomia, então oferecido pela Biblioteca Nacional. Após a saída de sua irmã, Lydia assumiu a direção da biblioteca do DASP.

Durante sua gestão, Lydia reconheceu a necessidade de qualificar os profissionais bibliotecários e, como resposta, implementou um curso preparatório direcionado a eles. Inicialmente, o curso abordava três matérias: catalogação e classificação, administração e organização de bibliotecas, além de bibliografia e referência.

Antes de sua gestão, a biblioteca do DASP não contava com um sistema de classificação, utilizando o método de Anderson-Glidden para organizar o acervo. No entanto, devido ao aumento das aquisições e questões relacionadas ao espaço físico, Lydia desenvolveu o Serviço de Intercâmbio de Catalogação (SIC), cujo principal objetivo era estabelecer uma rede colaborativa entre bibliotecas brasileiras para catalogação de livros.

A biblioteca do DASP se tornou um laboratório pioneiro em catalogação cooperativa, tornando-se uma referência para outras bibliotecas do serviço público. Esse conceito inovador, implementado em 1942, teve um impacto significativo na evolução das bibliotecas no país.

Além disso, a biblioteca promoveu o Curso Preparatório para Bibliotecários, estabelecido pelo Decreto nº 6.416, que permitiu a promoção de funcionários públicos para a carreira de bibliotecário. Essa formação, fornecida tanto pela Biblioteca Nacional quanto pela Biblioteca do DASP, contribuiu para a institucionalização da carreira de bibliotecário no Brasil, conforme estabelecido pelo Decreto nº 2.166 de 6 de maio de 1940.

As ações de Lydia em prol da profissão e das atividades de informação tiveram um impacto profundo na comunidade de bibliotecários, culminando na criação do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD).

O IBBD começou a ser moldado nos anos 50, quando Lydia e Jannice Monte-Mor receberam apoio da UNESCO e da FGV para estudar bibliotecas e centros de documentação nos Estados Unidos e Europa. Após retornarem ao Brasil, Lydia liderou diversas iniciativas para promover atividades científicas e tecnológicas no país, planejando a criação do IBBD. Por 11 anos, ela atuou como diretora do IBBD, até ser retirada de seu cargo durante o regime ditatorial estabelecido pelos militares em 1964.

Após deixar a direção do IBBD, Lydia continuou a contribuir para a área, lecionando na Federação das Escolas Isoladas do Estado da Guanabara (FEFIEG), que mais tarde se tornou a UNIRIO. Ela permaneceu comprometida em fortalecer a biblioteconomia e a documentação, sempre antevendo inovações e vislumbrando o futuro.

O IBBD desempenhou um papel essencial na difusão e no crescimento da biblioteconomia e da documentação no Brasil.

Lydia de Queiroz Sambaquy foi uma mulher à frente de seu tempo, cuja significativa contribuição para o desenvolvimento e disseminação da biblioteconomia e da documentação no Brasil permanece viva até os dias atuais, mesmo após seu falecimento em 13 de janeiro de 2006, no Rio de Janeiro.